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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A lei que não descarta o lixo

Por Yara Ferrari Pezeta


Sabia que o faturamento do comércio eletrônico cresceu 21% no primeiro semestre? Pois é, quem garante é a WebShoppers, entidade ligada ao setor de vendas de eletro-eletrônicos. Por aí se vê que é dia mais comum os consumidores trocarem seus equipamentos eletrônicos por aparelhos mais modernos. A queda nos preços auxiliou fazendo com que os brasileiros consumam cada dia mais as novas tecnologias.

Como reflexo desse crescimento, algumas profissões começam a desaparecer e serem desvalorizadas. A profissão de técnico eletrônico, por exemplo. Ademir Fernandes, que atua como técnico eletrônico há mais de 30 anos, não acha que sua profissão vai acabar, “o que tenho analisado ultimamente é que o serviço vem sendo desvalorizado. Muita gente deixa aparelhos para consertar e nunca mais voltam para buscar”, afirma. Ele teve até que criar um galpão para armazenar os aparelhos abandonados pelos clientes.

De acordo com a Fundação Procon, a assistência técnica pode fixar um comunicado informando o prazo para a retirada do equipamento. Deixando claro que depois do período determinado, se o produto não for retirado, a empresa poderá cobrar um valor referente à guarda do equipamento. O grande problema, porém, é que o consumidor não se interessa mesmo em consertar o equipamento, preferindo adquirir um novo. “A produção em massa de equipamentos eletrônicos acaba influenciando, pois os preços despencaram e a economia brasileira segue aquecida. O problema do consumidor é resolvido em termos, pois comprando um aparelho novo ele resolve seu problema. No entanto a solução do problema do cliente me traz sérios problemas. Geralmente são televisores de tubo, aparelhos de som, entre outros, equipamentos que ocupam muito espaço. E tem um outro porém: não posso fazer nada com o equipamento, nem vender, nem jogar fora, pois a lei não me permite isso. E aí, como fica a minha situação?” indaga o técnico.

Este tipo de atitude dos consumidores acaba gerando um outro problema, que é o acúmulo de lixoeletrônico. A Lei 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece parâmetros para o tratamento do lixo de todo o país, e prevê o sistema de logística reversa, que obriga fabricantes, exportadores, distribuidores e comerciantes a se responsabilizem pela coleta do lixo eletrônico, prática não vem sendo seguida por nenhum deles, tendo em vista o custo operacional das ações. Como a lei não define quem deve arcar com essas despesas, o lixo simplesmente vai pro lixo.

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