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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Nos trilhos do Metrô, um romance erótico mexe com as mulheres de SP


Por Yara Ferrari Pezeta


“Estou sentada no metrô lendo meu livro. Ao perceber que estou lendo, um homem me olha, dá uma risadinha insinuante, provavelmente pensando que eu sou uma ‘danadinha’ .” Quem relata esta situação é Rebeca Medina, 21 anos, estudante de Jornalismo. O livro que ela está lendo é “Cinquenta Tons de Cinza”, da escritora britânica E. L. James.
O livro acabou virando sensação mundial, ficando em primeiro lugar na listagem dos best sellers de ficção mais lidos do The New York Times por mais de oito semanas seguidas.

Não é moda só nos Estados Unidos, no Brasil a obra também está na primeira colocação entre livros de ficção, de acordo com o site da Editora Abril. “Eu conheci este livro no metrô de São Paulo. Resolvi compra-lo pois era incrível o número de pessoas que estavam lendo. Todas mulheres. Fiquei curiosa para saber do que se tratava e agora que já sei, não largo. É um livro viciante”, comentou Rebeca.

O livro narra a história da jovem e inocente estudante Anastasia Steele, que se apaixona pelo misterioso Christian Grey, um executivo bonito e bem sucedido. Situações de Sadomasoquismo explícitas são relatadas na trama. “Eu não sei do que se trata, mas se tem tanta mulher lendo é porque a coisa é boa. Ando de metrô todos os dias para ir ao trabalho, nunca vi tanta mulher num mesmo vagão lendo um livro em comum.”, comenta Franciele Cardoso, de 25 anos que nem recebeu o livro, que está em falta no mercado.

Questionados sobre o livro os homens quase sempre respondem: “50 tons de cinza? É aquele livro de ‘putaria’ não é?”, declara Lucas Gabriel de 24 anos, que afirma ter conhecido a história através de uma conversa entre amigas que ele escutou no metrô.
Já na visão do blogueiro Bruno Fonseca, 26 anos, “Este livro nada mais é que um best seller. Qualquer livro que aborde assuntos publicamente sobre coisas que nós tratamos como segredos ou temos vergonha de falar vai fazer um sucesso danado. E assim foi com os 50 tons de cinza. Juntou: sexo, sadomazoquismo e  ninfeta, pronto: entra no imaginário curioso de todo mundo. E assim o sucesso está assinado. Se é um livro bom? Sim, se não, não teria vendido tanto”, concluiu.

E o Cine Aparecida?


Por Yara Ferrari Pezeta


Será que o Adoniran Barbosa conheceu o Cine Aparecida?. Vai ver que sim. Afinal, o Aparecida ficava numa avenida que tem o nome de um dos bairros mais famosos e cantados em todo o Brasil, o Jaçanã. Precisa falar mais? O cinema foi fundado em 1951, possuía 549 lugares  e oferecia, em média mais de 400 sessões por ano, recebendo por volta de 40 mil expectadores.
O Jaçanã, fora tudo, ainda tem uma relação muito intensa com o cinema brasileiro. Ele abrigou recebeu o primeiro estúdio de cinema de São Paulo, da chamada Companhia de Cinema Maristela. Começou em julho de 1950. Nesse estúdio foram rodados dois filmes de Adoniran Barbosa: “Carnaval em Lá Maior, em 1955” e “A Pensão da Dona Estela”, em 1955. Com isso o bairro se tornou um importante foco cultural do município.

Porém, nem o cinema, nem a estação do trem, tão cantada e lembrada e nem o famoso “Trem das Onze” do Adoniran, permaneceram no Jaçanã. "Eu lembro. Quando criança eu frequentava o Cine Aparecida. Gostava muito de ir na matinê de domingo. Quem comprava um ingresso para uma sessão recebia outro, sem pagar”, conta Nancy Mendes, moradora do Jaçanã há mais de cinquenta anos. "Lembro que havia uma salinha onde o “lanterninha” do cinema colocava os bagunceiros. Eu nunca fui parar lá, mas meu primo foi", afirma Nancy, aos risos.
Os freqüentadores deviam ter uma postura bem adequada dentro das salas de cinema, lembra ela. "Disciplina, respeito, tolerância, tudo isso nos era ensinado em família. E isso valia até mesmo dentro de uma sala de cinema. Existiam as paqueras, os “namoricos”, mas tudo era feito de forma ingênua, e com aquele gostinho de grande aventura. Afinal nós éramos vigiados e temíamos os lanterninhas. Bons tempos de crianças", lembra-se a professora Kátia Duarte, frequentadora assídua do cinema
O crescimento imobiliário no bairro fez com que o cinema fosse fechado na década de oitenta. Hoje o prédio é ocupado por uma faculdade. A antiga estação de trem virou uma praça, praça Comendador Alberto de Souza. "Bem que gostaria que o cinema voltasse. As opções de lazer de hoje estão distantes do bairro. Quando quero ir ao cinema tenho que enfrentar um transito violento. Pior que isso, ir ao cinema hoje não tem mais aquele ar familiar de antigamente. O Cine Aparecida, simplesmente desapareceu", complementa Nancy.


A lei que não descarta o lixo

Por Yara Ferrari Pezeta


Sabia que o faturamento do comércio eletrônico cresceu 21% no primeiro semestre? Pois é, quem garante é a WebShoppers, entidade ligada ao setor de vendas de eletro-eletrônicos. Por aí se vê que é dia mais comum os consumidores trocarem seus equipamentos eletrônicos por aparelhos mais modernos. A queda nos preços auxiliou fazendo com que os brasileiros consumam cada dia mais as novas tecnologias.

Como reflexo desse crescimento, algumas profissões começam a desaparecer e serem desvalorizadas. A profissão de técnico eletrônico, por exemplo. Ademir Fernandes, que atua como técnico eletrônico há mais de 30 anos, não acha que sua profissão vai acabar, “o que tenho analisado ultimamente é que o serviço vem sendo desvalorizado. Muita gente deixa aparelhos para consertar e nunca mais voltam para buscar”, afirma. Ele teve até que criar um galpão para armazenar os aparelhos abandonados pelos clientes.

De acordo com a Fundação Procon, a assistência técnica pode fixar um comunicado informando o prazo para a retirada do equipamento. Deixando claro que depois do período determinado, se o produto não for retirado, a empresa poderá cobrar um valor referente à guarda do equipamento. O grande problema, porém, é que o consumidor não se interessa mesmo em consertar o equipamento, preferindo adquirir um novo. “A produção em massa de equipamentos eletrônicos acaba influenciando, pois os preços despencaram e a economia brasileira segue aquecida. O problema do consumidor é resolvido em termos, pois comprando um aparelho novo ele resolve seu problema. No entanto a solução do problema do cliente me traz sérios problemas. Geralmente são televisores de tubo, aparelhos de som, entre outros, equipamentos que ocupam muito espaço. E tem um outro porém: não posso fazer nada com o equipamento, nem vender, nem jogar fora, pois a lei não me permite isso. E aí, como fica a minha situação?” indaga o técnico.

Este tipo de atitude dos consumidores acaba gerando um outro problema, que é o acúmulo de lixoeletrônico. A Lei 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece parâmetros para o tratamento do lixo de todo o país, e prevê o sistema de logística reversa, que obriga fabricantes, exportadores, distribuidores e comerciantes a se responsabilizem pela coleta do lixo eletrônico, prática não vem sendo seguida por nenhum deles, tendo em vista o custo operacional das ações. Como a lei não define quem deve arcar com essas despesas, o lixo simplesmente vai pro lixo.

Os bichinhos estão cada vez mais vip`s

Por Yara Ferrari Pezeta



Houve um tempo em que criar um animal de estimação era coisa muito simples. Bastava dar água, comida, carinho e um cantinho qualquer para servir de abrigo. Ele dormiria e descansaria em paz. Foi assim até que a “indústria pet”, ou a indústria do pet apareceu. E investiu no setor, oferecendo uma gama cada vez maior de produtos para os animaizinhos de estimação. Para os gatos, por exemplo, os produtos vão desde a ração convencional, da areia sanitária, até a “erva do gato”.

Calma, calma, não é a erva que você está pensando. A “erva do gato”, também conhecida como “catnip”, é uma substância que pertence à família dos hortelãs. No dizer dos pesquisadores, a tal erva deixa os animais mais dóceis e brincalhões. Apesar de ser “erva”, ela é “legalizada” sim, e pode ser encontrada em qualquer pet shop. Da mesma forma que pode ser plantada em um vaso para que o gato possa cheirá-la e come-la.

Antes que os cães ficassem com ciúmes, o mercado pet sempre se manteve atento e também tem lá a sua reserva novidades. Uma delas? Acupuntura para cachorros, pode? A terapia serve para cães mais irritados. Ana Reis, de 29 anos recorreu a essa prática para o seu cão. “Toda vez que tinha que levar o Zeus ao pet shop era o maior sufoco. Ele era muito agressivo e não deixava os funcionários darem banho e cuidarem dele. Depois de algumas sessões de acupuntura ele melhorou cem por cento. Hoje Zeus parece um deus, e toma até florais para ficar mais disciplinado. Estou acompanhando cem por cento o resultado disso tudo”, afirmou Ana, que tem um pitbull de 6 anos.

Só para se ter uma ideia do quanto o setor representa no mercado nos dias de hoje, a indústria pet movimentar cerca de R$ 2,98 bilhões em produtos só neste ano, conforme afirma o Pyxis Consumo, do Ibope Inteligência. A média mensal de gastos com os animais de estimação é de R$ 36,31 por cabeça, representando um aumento de 13% em comparação com o ano passado.

Esses números reafirmam o quanto os pets representam para os brasileiros, que em alguns casos, os adotam como filhos. E olhem que tem até gente que deixa sua herança para os animais. Mas isso é assunto para outra reportagem...

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Sacolas plásticas, as vilãs da vez. Será?

Decisão de retirar as embalagens dos supermercados tem gerado polêmica entre os consumidores.

Foto: YARA PEZETA
Desde 4 de abril, as sacolas plásticas se despediram dos consumidores paulistas. A decisão de retirá-las de circulação veio de um acordo entre a Apas (Associação Paulista de Supermercados) e o governo do estado de São Paulo. A medida foi criada com a intenção de educar os consumidores, incentivando-os a utilizarem formas sustentáveis para o transporte de suas compras. Em estudo, porém, o Instituto sócio ambiental Plast Vida, diz que as sacolas biodegradáveis não são ideais para o transporte, pois o material biodegradável emite gás metano, o qual prejudica muito mais a camada de ozônio do que o CO². Além disso, supermercados deixam de gastar R$ 500 por mês com a compra de sacolas, e essa economia não tem sido repassada ao consumidor.
Angela Ferrari, operadora de caixa em um supermercado do oeste paulista diz que logo após que a suspensão das sacolas foi executada, muitos consumidores reclamaram, e o que mais os deixou transtornados foi o fato de que o valor das mercadorias não foram reajustados.
Muitos supermercados visaram esta medida como uma forma de eliminação de gastos e aumento lucro ao vender sacolas ecológicas. Existem casos de estabelecimentos que não são do ramo de supermercados, como hortifruits, padarias, etc, que aboliram as sacolas, somente para não ter mais gastos com elas.
Na opinião do revendedor de sacolas plásticas Fabiano Ribeiro, o que fará a diferença será a educação do brasileiro. "Em vez de o governo retirar a sacola dos supermercados, ele deveria incentivar a população a reciclar os materiais. Nem sempre o cidadão sai de casa com a ideia que terá que comprar algo, é quando ele está na rua que ele se lembra de passar no supermercado e comprar alguma coisa para a casa, ele não quer ficar carregando ecobag pra lá e pra cá”.
Outro aspecto apontado pelos críticos da medida é o da saúde da população: as ecobags não são a melhor opção para quem compra diversas variedades de produtos na mesma sacola. A dona de casa Suelen Soares dizz não confiar nas ecobags, por elas contaminarem os alimentos. “Não é saudável misturar frango resfriado com o removedor que compro para limpeza, imagine o quanto pode ser prejudicial pra minha saúde esta junção", disse a dona de casa, que já chegou a deixar as mercadorias no caixa do supermercado porque no estabelecimento não havia sacolas comuns para o transporte.
A decisão que está em vigor obriga os consumidores a desembolsarem até R$ 0,59 por sacolinha. Na opinião de órgãos como a OAB (Ordem dos advogados do Brasil), a medida irá causar demissões em massa no setor de fabricação de sacolas, que emprega cerca de 100 mil trabalhadores no estado de São Paulo, segundo o Instituto sócio ambiental Plast vida.
Yara F. Pezeta

Criançada zen: ioga é novidade para crianças hiperativas

Dos 3 aos 5 anos, a prática ajuda na concentração, além de fortalecer o aparelho respiratório e a musculatura.

Foto: MorgueFile (banco de imagens)
Comum entre adultos que vivem em um cotidiano frenético, o ioga é uma rota de fuga para o encontro de paz interior. Mas o que nem todos imaginam é que esta prática chegou até os meninos e meninas, com idade a partir de 3 anos. Segundo especialistas, o ioga ajuda a parte respiratória, muscular, além de ser indicado para crianças hiperativas. A prática também fortalece a concentração e facilita o aprendizado dos pequenos.
A especialista e professora de ioga Laila Gadel explica que através de aulas lúdicas e divertidas, estimula as crianças a praticarem respiração e alongamento. As posições corporais realizadas com crianças não são tão complexas, segundo Laila Gardel. Por meio de historinhas como Chapeuzinho Vermelho, entre outras, as crianças "imitam" os personagens, como o Lobo Mau. "A preferida dos meninos é a posição do cachorro fazendo xixi", diz Laila, com humor.



A filha de Laila, de 2 anos, já pratica yoga. Arquivo Pessoal
Nas primeiras turmas, ela conta, as crianças iam para a aula de ioga e não entendiam por que deveriam relaxar, ficar quietas: elas pensavam que era aula de Educação Física e chegavam na maior disposição.
A arte milenar de progem indiana traz muitos benefícios tanto para o corpo quanto para o espírito, e a prática desta atividade três vezes por semana propicia benefícios em grande escala.
Crianças hiperativas conseguem se concentrar nas atividades fundamentais, como no colégio por exemplo.
Laila Gadel diz que através do ioga as crianças perdem seus "medos" e gastam suas energias. Ela afirma que é importante que a criança também pratique atividades que exijam uma queima de energia maior, como correr, brincar de pega pega, andar de bicicleta.
A média de idade adequada para crianças praticarem ioga é a partir de três anos, pois nessa idade a criança está com sua parte corporal em desenvolvimento e com os exercícios de ioga o equilibrio é aperfeiçoado. Na parte respiratória, o diafragma é fortalecido, pois a respiração é exercitada para que a criança respire da forma correta (sentindo a barriga).
Yara F. Pezeta

Meu Filho é um índigo?

Muitos pais tem feito esta pergunta, crianças com um comportamento acima do comum vêm cada dia mais intrigando os pais. Nesta edição decidimos explicar o que é uma criança índigo.
Elas começaram a surgir a partir da década de 80, vindas para auxiliarem o mundo em questões sociais, educativas, familiares e espirituais.  
"O pequeno Lucas de 4 anos ao encontrar uma barata morta no chão fica transtornado: Quem foi? quem foi? Que matou essa barata? E a tia (babá) que cuida dele assumiu a culpa. Você não sabe que não pode matar a barata? A barata é um bichinho de Deus?"
São crianças que vão além do plano intelectual para desvendarem assuntos, com uma inteligência acima do comum.

Elas surgem para quebrar a grande distancia que existe entre o pensar e agir. Elas também surgem para mudar o foco do EU para o PROXIMO. Na atual sociedade, todos nós temos consciência do que é certo e o que é errado mas não fazemos nada para melhorar a sociedade.
"Quando pedimos para ele desenhar uma Casinha por exemplo, ele desenha a casa vista de cima, com todas as instalações elétricas e de canos de água, como se fosse uma planta baixa de engenharia. Ele é organizado, e costuma dar ordens, quando perguntado sobre o que vai ser quando crescer, ora responde que vai ser inventor, ora que vai ser um grande artista, mas sempre justifica da mesma maneira: Que vai desenhar grandes coisas pra outras pessoas construírem." diz a prima do pequeno Lucas.
As crianças índigo chegam a sociedade para mudar este conceito e conscientizar todos com o argumento que a mudança está em nossas mãos, de que o mundo só muda quando nós mudamos também. Estas crianças que possuem grande afeto pelo meio ambiente, pelos animais e pelo próximo.
Entrevistei a psicóloga e vice presidente do Instituto de Pesquisas Psíquicas Imagick, Zelinda Orlandi Hypolito, ela esclareceu alguns pontos interessantes sobre as crianças índigo. Confira a entrevista:

- Por que "Índigo"?
Essa denominação "Crianças Índigo" vem da cor da aura dessas crianças. Desde 1980. vários paranormais vem percebendo um tom índigo em certas crianças e observaram seus comportamentos. 

Zelinda O. Hypolito
Psicóloga e Vice-presidente 
do Istituto de Pesquisas Imagick
Índigo seria a cor do sexto chackra, o Frontal (a terceira visão), que, ao meu ver, elas tem muito desenvolvido.

- Existe alguma diferença entre as crianças índigo e as crianças comuns? De que maneira o índigo interage na sociedade?
Sim, elas são muito diferentes, são consideradas mais "ESPERTAS", às vezes até são confundidas com hiperativas por ter baixo poder de concentração, serem dispersas e se distraírem com facilidade. São extremamente criativas e não aguentam ficar paradas ou quietas sem alguma atividade ou função que lhes interesse. Tem alto nível de distração e baixo de concentração. Tem compaixão exacerbada. Necessitam de muita atenção e carinho. São extremamente sensíveis e emocionais. 
- Um fato interessante que chegou a nossa redação foi a história do Lucas, um garoto de 4 anos de idade que diz se lembrar de vidas passadas. Isto é possível?
Sim, as crianças índigo tem facilidade para lembrar de vidas que não conhecem (passadas).  Elas aprendem muito mais com a "compreensão" do que memorizando. Elas possuem várias aptidões artísticas e não se enquadram as regras comuns pois elas apresentam muita resistência à autoridade, elas não sentem medo de represálias e só a aceitam as ordens se compreenderem a razão das coisas.

"As vezes ele diz coisas, como se indicasse uma outra vida. Uma vez no meio da madrugada ele foi o banheiro e acabou dormindo, teve um pesadelo e começou a chorar, com o barulho do choro sua irmã levantou e foi ver o que estava acontecendo, ele disse a ela que havia sonhado que estava por ai sozinho no mundo. Ela pra tranquilizá-lo lhe disse que não precisava se preocupar pois todos o amavam muito e que nunca o deixariam sozinho, ele respondeu: eu sei Le, mas eu sonhei que estava sozinho antes de ter uma família. E ela: como assim?, Nada você não vai entender. Numa outra ocasião, chorou da mesma maneira, e quando perguntado a respeito, ele disse: eu to chorando porque três pessoas já se foram da minha vida.. Como assim? Perguntou a irmã dele, ninguém que você conhece morreu, e ele: não dessa vida, da outra. Sempre que qualquer um tenta falar nesse assunto, ele desconversa, ou diz que você não vai entender, ou começa a rir e muda o assunto."

- E qual a missão destas crianças no planeta Terra?

O que se costuma dizer é que eles estão vindo para instalar uma nova era, com novos costumes e modus vivendi diferentes e mais avançados do que o nosso atual, elas vem para fazer uma revolução nos antigos e gastos costumes.

Conheça um pouco mais do Imagick:

O Instituto de Pesquisas Psíquicas Imagick é uma entidade, sem fins lucrativos, criada no ano de 1990, na Cidade de Sâo Paulo, com o objetivo de pesquisar, estudar e transmitir as suas experiências e conhecimentos sobre os processos que relacionam a mente com a vida humana. Nossa proposta é promover a valorização integral do ser humano, preparando pessoas  para enfrentar e vencer os desafios da vida, dando-lhes condições para a conquista dos seus objetivos. 

Yara F. Pezeta

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Sinal Fechado Para Camila - Eliane Brum

—Tio lindo, tia linda do meu coração. Eu pergunto a você se não tem um trocadinho ou uma fichinha pra essa pobre garotinha...
Quase com certeza você ouviu esse hino em algum cruzamento de Porto Alegre. Debaixo de um sinal vermelho, o som entrando pelo vidro fechado, ameaçador como um Alien. O som entrando pela janela que você cerrou para se defender do ataque à sua consciência. Você rezando para que o sinal mude de cor, fique verde, não de esperança, mas verde de fuga. Sinal livre para escapar do rosto da menina grudado na janela. Sujando seu patrimônio. Obrigando-o a tomar conhecimento da miséria dela. Você, que paga seus impostos em dia, colabora com a campanha do agasalho, que até é um cara bacana. Subitamente transformado em réu no tribunal do sinal fechado por um rosto ranhento de criança.
Você, quase com certeza, ouviu esse hino. Pois saiba. A menina que o compôs morreu no domingo. Nunca mais ela assombrará a sua janela. A menina se chamava Camila. Camila Velásquez Xavier. Tinha dez anos. Mas os dez anos dela equivalem a cem dos seus. Camila viveu muito, até. No bairro onde ela nasceu, o Bom Jesus, 17 como ela morreram antes de completar um ano em 1997. Camila nasceu na Fátima, uma vila da Grande Bom Jesus. Vila, modo de dizer. Becos e mais becos de barracos amontoados sobre o cimento. Lá, o controle da população é feito ao natural. Só em janeiro, já tombaram quatro. Assassinatos citados em notinhas de canto de página.
Camila nasceu na Fátima, num barraco de uma peça. Quando chovia, havia tanta água fora quanto dentro. Em dez anos a família progrediu. Conseguiu um barraco de duas peças. Camila dormia com os quatro irmãos num sofá esburacado ou no chão de tábuas podres porque não havia lugar para todos. Pai e mãe desempregados, o pai um homem triste, de olhos injetados, que descia o braço sobre a mãe sempre que bebia além da conta.
Aos seis anos Camila foi enviada aos sinais para ganhar a vida da família. Logo descobriu que a concorrência era enorme. Que as janelas dos carros eram a versão moderna das muralhas medievais. Camila começou a embelezar sua tragédia. Inventou versinhos que venciam fossos e arriavam pontes levadiças, arrancando um sorriso perplexo dos motoristas. Eu não posso ficar sem você, meu trocadinho. Essa tia, esse tio queridinho vai me dar um trocadinho. Camila conquistou a sua diferença nos cruzamentos da cidade. Seus hinos se espalharam pelas sinaleiras e, mesmo depois de sua morte, seguem ecoando pela boca de outras Camilas.
Aos seis anos, flagrada na rua, Camila entrou pela primeira vez no prédio sem cor da Febem. Entraria ainda outras duas vezes. Na sexta-feira, 15 de janeiro, ela e outras cinco meninas jogaram suas trouxinhas pela janela do prédio. Um ursinho Puff de segunda mão e algumas camisetas compunham o espólio coletivo. Quando a porta se abriu para brincarem na pracinha – uma ficção de armações de ferro que há muito perdeu os balanços e as gangorras, uma ficção como a infância de todas elas – iniciaram sua jornada rumo à liberdade. Que passou na forma de um ônibus lotado para o centro de Porto Alegre.
No dia seguinte, a direção da casa informou ao plantão do Conselho Tutelar. Que anotou. Estava cumprido o trâmite burocrático. Por todo o final de semana, Camila e suas cúmplices de desamparo vagaram pelas pontes da cidade sem que ninguém as buscasse. Crianças sob a tutela do Estado vagando ao léu sem que ninguém chorasse a sua falta. Fazia calor no domingo, todo mundo lembra. Um calor tão pesado que quase se podia tocá-lo. Às 14h, de calcinha e camiseta, Camila e duas das fugitivas mergulharam no Guaíba na altura do parque Marinha do Brasil. Camila não sabia nadar. Debatendo-se como fez durante toda a vida, Camila, a senhora dos cruzamentos, submergiu.
Às 8h de segunda-feira, a notícia da fuga e da morte de Camila despertou a família. Vai ter que esperar porque ainda não abrimos a menina, informou o funcionário do Departamento Médico Legal à mãe quando ela foi recolher o corpo da filha. Camila foi enterrada na manhã de terça-feira, no caixão branco dos inocentes. A Febem pagou o enterro, pagou até uma capela funerária com ar-condicionado. Que lugar mais lindo, repetiam os familiares, assombrados com o espaço tão grande e tão verde da morte. Acompanhada por um séqüito de parentes de rostos derrotados, Camila foi enterrada no Jardim da Paz. No cortejo, um único terno. Puído e manchado, envergado por um homem em quem o sofrimento abriu sulcos no rosto. Um homem tentando agarrar a dignidade que escapava como o cós da calça maior que ele. No cortejo, nenhuma flor para Camila.
Talvez você lembre de Camila. Talvez não. Sua marca registrada, além da cantoria dos cruzamentos, eram os dedos indicador e médio eternamente na boca. Sua imagem desvalida não voltará a assombrar as janelas sob os sinais. Camila morreu. Mas o versinhos de Camila cruzaram o ar e semearam as esquinas. Não se iluda. Você não vai escapar. Há um exército de Camilas pela cidade. Haverá sempre uma delas tentando arrombar o vidro do carro com a urgência de sua fome. Camila morreu. Você, e eu também, somos cúmplices de sua morte. Nós todos a assassinamos. A questão é saber quantas Camilas precisarão morrer antes de baixarmos o vidro de nossa inconsciência. Você sabe? E agora, tio lindo, tia linda, o que vamos fazer?
*Texto de 23 de janeiro de 1999, compilado no livro "A Vida Que Ninguém Vê", de Eliane Brum.